sexta-feira, 18 de maio de 2007

A perda nos faz valorizar o objeto perdido. As pessoas e coisas estão ali, à nossa disposição, cruzamos por elas muitas vezes sem dirigir um olhar, mas sabemos que elas ali estão e, em nossa ignorância, concluimos que dali não sairão nem se transformarão.

Acontece que nada que existe é permanente. Não existe um "eu", um "você", existe algo que flui e este algo somos todos nós, em permanente viagem para o mesmo final, fluindo, nos modificando e nos adaptando, qual as águas dos rios, que nascem em lugares diferentes, se modificam no decorrer do percurso, recebendo seus afluentes e desaguando no mesmo oceano.

O sofrimento das pessoas está em acreditar que podem conservar as coisas que desejam e que conquistam, e é justamente desta crença que nasce o sofrimento. Mesmo estando alguém ou algo sob o nosso poder, trancafiado a sete chaves, este alguém ou algo vai se modificar com o decorrer do tempo e, quando nós percebermos, aquela pessoa ou coisa já não existe mais e surge o sofrimento. E é neste momento que nos damos conta do valor que aquela pessoa ou objeto tinha.

Uma rosa natural tem o mesmo valor de uma rosa de plástico?

A resposta é tão óbvia que não há necessidade de responder. A beleza da rosa natural, a sua singularidade, o seu aroma, cor, forma, são únicos e efêmeros. E é justamente esta efemeridade que lhe atribui um especial valor. Tudo o que é raro possui um valor maior.

Então, o que fazer para não sofrer se a verdade é que nos apegamos e desejamos que a pessoa amada ou objeto apreciado sejam permanentes?

Para não sofrer devemos entender os fundamentos básicos da impermanência e valorizar a raridade e a singularidade de tudo que nos cerca, vivendo e prestando total atenção e afeto ao que se passa em torno de nós no momento presente, pois amanhã tudo será diferente.