Acontece que nada que existe é permanente. Não existe um "eu", um "você", existe algo que flui e este algo somos todos nós, em permanente viagem para o mesmo final, fluindo, nos modificando e nos adaptando, qual as águas dos rios, que nascem em lugares diferentes, se modificam no decorrer do percurso, recebendo seus afluentes e desaguando no mesmo oceano.
O sofrimento das pessoas está em acreditar que podem conservar as coisas que desejam e que conquistam, e é justamente desta crença que nasce o sofrimento. Mesmo estando alguém ou algo sob o nosso poder, trancafiado a sete chaves, este alguém ou algo vai se modificar com o decorrer do tempo e, quando nós percebermos, aquela pessoa ou coisa já não existe mais e surge o sofrimento. E é neste momento que nos damos conta do valor que aquela pessoa ou objeto tinha.
Uma rosa natural tem o mesmo valor de uma rosa de plástico?
A resposta é tão óbvia que não há necessidade de responder. A beleza da rosa natural, a sua singularidade, o seu aroma, cor, forma, são únicos e efêmeros. E é justamente esta efemeridade que lhe atribui um especial valor. Tudo o que é raro possui um valor maior.
Então, o que fazer para não sofrer se a verdade é que nos apegamos e desejamos que a pessoa amada ou objeto apreciado sejam permanentes?
Para não sofrer devemos entender os fundamentos básicos da impermanência e valorizar a raridade e a singularidade de tudo que nos cerca, vivendo e prestando total atenção e afeto ao que se passa em torno de nós no momento presente, pois amanhã tudo será diferente.